Obikwelu dá ouro "ao Povo", Naide sublinha 11.ª conquista
Na zona das chegadas do Aeroporto Internacional de Lisboa, parte da comitiva lusa foi recebida com uma salva de palmas por parte das cerca de 100 pessoas ali presentes e o atleta de 32 anos, nascido na Nigéria, foi o mais assediado, juntamente com a saltadora em comprimento Naide Gomes, que voltou a conseguir uma "prata", após as conquistadas nos Europeus Barcelona2010, nos Mundiais de pista coberta Doha2009 e nos Europeus Gotemburgo2006. "É uma medalha para o Povo português porque, quando eu estava em baixo, a correr mal, o Povo sempre me apoiou e ninguém falou mal de mim. No centro comercial, a passear, continuaram a querer fotos. Eu não estava a fazer grandes resultados e diziam que era grande atleta. 'És o Obikwelu e ninguém te vai tirar isso', diziam. Apreciei muito", disse o velocista que abandonou a alta competição em 2008, após a desqualificação por falsa partida nos Jogos Olímpicos Pequim2008.
O vice-campeão olímpico dos 100 metros em Atenas2004, com recorde continental (9,86 segundos), campeão europeu ao ar livre do hectómetro e duplo hectómetro em Gotemburgo2006, voltou depois a correr em 2009 e adiantou a estratégia utilizada domingo, na capital francesa, onde os favoritos eram o francês Christophe Lemaitre, atual campeão da Europa ao ar livre dos 100 e 200 metros, e o também veterano britânico Dwain Chambers, do qual Obikwelu herdou o título do hectómetro dos Europeus Munique2002 devido a doping.
"Eu tinha claro que tinha de partir bem porque Lemaitre também costuma partir mal, como eu, por ser muito alto. Se ficasse à frente, sabia que ia ganhar. A única preocupação era o Chambers, que é um grande vencedor, mas estava longe e, portanto, era correr até ao fim e sem brincadeiras, era uma final", afirmou o atleta do Sporting. Sobre o primeiro abraço que recebeu na pista, após ganhar a corrida com novo recorde português dos 60 metros (6,53 segundos), Obikwelu revelou que Chambers, segundo classificado, lhe disse estar "muito contente" por si, classificando-o como um "grande amigo" e adiantando terem festejado "o ouro e a prata", enquanto o terceiro posto ficou para o primeiro homem branco a percorrer os 100 metros abaixo dos 10 segundos, Lemaitre.
Naide Gomes, campeã europeia de pista coberta em Madrid2005 e Birmingham2007 e mundial em Valência2008, revelou-se "felicíssima" com a prestação e agradeceu o "calor humano" da receção em Lisboa. "Farta estaria se não ganhasse uma medalha. Em vez de dizerem que perdi o ouro, têm é de salientar que ganhei uma medalha de prata", sublinhou, desvalorizando o centímetro que a distanciou do "ouro" conquistado pela russa Daria Klishynia (6,80 metros). Para a também atleta do Sporting, "todas (as medalhas) têm um sabor especial, mas especialmente esta porque não estava em condições físicas para tal". "Fui e acho que foi uma boa opção, lutei e consegui mais uma medalha, a 11.ª", frisou, "graças ao apoio de toda a gente - departamento médico da federação e treinador".